#04 entrevista

O que fazer quando o idoso com demência não quer tomar banho?

Entrevistamos a enfermeira, Drª Aline Miranda, que esclareceu diversas dúvidas sobre alterações comportamentais.
Confira essa resposta abaixo:

Drª Aline Miranda

Inicialmente é interessante a gente pensar que o banho não é uma tarefa fácil nesse momento. Especialmente porque ele envolve outras características que são importantes, envolve a questão da intimidade, que é uma questão que deve ser considerada, envolve uma questão que, muitas vezes, é um momento de afeto, de aconchego, além de ser subjetivo. Então, acho que a complexidade talvez resida nesse ponto maior. Porque cada um prefere tomar banho, ou pode ser um momento de relaxamento para uns e pode ser um momento muito rápido, de realmente, assim, protocolar para outros, então não existe regra, não existe um roteiro pré-definido. Eu penso que cada família que vive essa situação ela vai se ajustar da melhor forma, no melhor contexto, mas é importante também, a família fazer esse reconhecimento, talvez não do reconhecimento do que é agora, mas o que foi sempre para essa pessoa. Como essa pessoa vivenciou esse processo?


Então assim, às vezes, alguns vão preferir tomar banho sentados, às vezes, outros não vão querer lavar a cabeça, alguns vão ser mais agressivos nesse momento – agressividade verbal, agressividade física – então a questão do ambiente, proporcionar um ambiente calmo, não só isso, mas também isso, esse momento não ser, o momento do banho, aquela coisa rígida. Agora é o horário do banho. Então eu vou te perguntar, existe um melhor horário? Talvez exista o melhor momento, e esse momento pode ser em diversos horários do dia. Vai depender da condução de cada família, da estrutura.


E assim, essa questão da rotina, eu acho que hábito, seria a palavra que se encaixasse melhor, qual é o hábito dessa família? Almoça, que horas? Toma café, que horas? Então assim, isso é uma questão habitual, e trazer nesse momento um ambiente mais tranquilo, com uma iluminação mais aconchegante, às vezes, por exemplo, essa questão de ensaboar, “Eu vou abrir o chuveiro”, gente, vai com um chuveirinho, começa pelos pés, coloca uma bacia, pode ser menos estressante, “Olha, nesse momento a gente vai fazer uma massagem”, começa fazendo uma massagem, que isso vai fazendo parte daquela situação, e não “Eu vou te levar para tomar banho”.


Então a questão da empatia, de você se colocar nesse lugar, muitas vezes ele vai ter uma preferência, que muitas vezes, o idoso com demência isso acontece, vai ter preferência de tomar banho com determinadas pessoas ou com esse cuidador exclusivamente, de se alimentar com esse cuidador exclusivamente, então assim, isso tudo deve ser considerado também. Então por exemplo, “Vamos fazer uma massagem? Vamos começar fazendo uma massagem nos pés? Vamos fazer uma massagem nas mãos?”, às vezes, colocar objetos na nas mãos desse cuidador, é uma coisa muito interessante, essas bolinhas que a gente utiliza para fazer massagens nos pés e nas mãos, a própria bucha, fazer uma espuma gostosa; se gostar de cheiros, mais, assim, suaves, também proporcionar nesse momento, para que seja um momento de acolhimento, não de embate. Porque às vezes, começa, realmente, a questão da resistência, isso vem da questão do comportamento, das alterações comportamentais, normalmente, se fazem presentes nesses momentos, a agressividade física, agressividade verbal, então como é que eu vou conduzir esse momento? A questão da intimidade, como é que eu vou fazer higienização das partes íntimas? Às vezes, ao longo de todo o processo de vida, às vezes, nunca viu o pai ou a mãe nus, aí nesse momento vai ter uma inversão também desse papel, do filho cuidar do pai e da mãe e não o contrário, então assim são questões, como eu coloquei anteriormente, são questões muito subjetivas. E não existe um roteiro pré determinado para isso, mas a questão do hábito, deste hábito familiar, vamos refazer esse reconhecimento do que era antes, do que a gente pode aproveitar agora. Eu acredito que seja uma estratégia muito interessante.

Confira o episódio completo no nosso podcast!

Confira o vídeo completo da entrevista

Confira os podcasts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.